Este artigo foi originalmente publicado pela Construction Executive e aparece aqui com permissão.
Não há como escapar da proliferação de aplicações de RV/RA em todos os tipos de construção, particularmente nos grandes setores comerciais e industriais. Dado que essas tecnologias não só vieram para ficar, mas também poderão em breve encontrar o seu lugar em quase todos os trabalhos, a questão que se coloca é: isso é sempre uma coisa boa, ou há armadilhas ao examinar as implicações do uso de RV/RA num projeto que acaba em arbitragem ou tribunal?
Os termos realidade virtual e realidade aumentada têm algumas semelhanças nas suas respetivas definições. A RV é geralmente uma representação do local ou da aplicação de construção, criada inteiramente por um computador. A RA entrelaça a observação humana real de um local e sobrepõe planos ou outros dados para dar um contexto mais refinado ao observador de algo que não é observável na realidade.
A RV é mais conhecida por proporcionar ao proprietário ou utilizador final a maior profundidade e uma visão de 360 graus da estrutura e do interior acabados. Esta tecnologia tem sido uniformemente elogiada por reduzir o tempo de tomada de decisão na fase de projeto, pois proporciona à equipa de projeto e ao proprietário um melhor acesso à visão do projeto.
A RA encontra o seu uso ideal quando o observador precisa examinar a cena real, mas precisa adicionar ou aumentar essa cena real com um conjunto de dados assistido por computador. Um bom exemplo é usar um aplicativo de RA para localizar serviços públicos subterrâneos construídos — uma identificação aumentada mais rápida em relação aos métodos pré-IA.
Com todos os benefícios que advêm da RA e da RV, vale a pena examinar se existem desafios decorrentes da utilização destas aplicações eficientes. Quando a indústria da construção civil passou do papel para o software sem papel para construir e acompanhar o progresso, pelo menos dois desafios vieram à tona.
Primeiro, a aplicação deve ter um caminho rastreável para que seja possível documentar posteriormente quais alterações foram feitas, quando e por quem — confirmando aprovações e garantindo que a cadeia de comunicação não só ocorreu, mas também foi registada. Caso surja uma reclamação, pode ser essencial determinar até que ponto os sistemas de RV e RA foram utilizados para documentar as decisões tomadas na fase de projeto ou durante a construção.
O segundo desafio, e talvez o maior, é a escala dos dados de RA ou RV que podem posteriormente constituir prova do que foi realmente visto, comunicado e decidido em pontos críticos do processo de construção. O sistema jurídico sofreu o maior aumento de despesas com a introdução de e-mails como prova. Agora é aceitável que uma disputa envolva milhões de e-mails que devem ser recuperados, classificados, analisados e apresentados.
Quando a RV e a RA são utilizadas no processo de tomada de decisão, influenciando as escolhas feitas pelo proprietário com base numa apresentação de RV, ou na colocação de serviços públicos subterrâneos com base numa aplicação de RA, esses dados devem ser verificados para retratar com precisão a mesma iteração da RV e da RA que foi transmitida no momento da decisão.
Além disso, se o uso do projeto de RV/RA for questionado perante um painel de arbitragem, um juiz ou júri, a aplicação deverá ser disponibilizada aos árbitros. A maioria dos códigos de provas e códigos de arbitragem exige que as provas sejam verificáveis de forma independente.
Se a RV ou a RA forem utilizadas com metadados ou anotações semelhantes, isso constituirá a verificação necessária para qualificar a RV ou a RA como auxílio à decisão, tornando-as provas nas quais se baseará a decisão de uma parte ganhar ou perder um litígio. Caso contrário, as empresas possuirão tecnologia de ponta, com disputas relegadas às memórias das testemunhas, numa situação clássica de «ele disse/ela disse».