A Comissão Antitruste do México recomenda que o Congresso não aprove a reforma constitucional no setor elétrico devido a preocupações com a concorrência
No ano passado, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador apresentou ao Congresso mexicano um projeto de lei para alterar vários artigos constitucionais relacionados a certas questões energéticas (o “Projeto de Lei”). Se aprovado, o Projeto de Lei revogaria as Reformas Constitucionais de 2013 para o setor energético (a “Reforma Energética de 2013”) e as reformas legais de 1992, reformulando completamente o estado atual da indústria elétrica e dificultando a participação do setor privado nacional e internacional. O Projeto de Lei também afetaria as indústrias de hidrocarbonetos e mineração do país.
De acordo com o projeto de lei, a Comisión Federal de Electricidad (CFE) (empresa de serviços públicos do México) voltaria a ser, essencialmente, a fornecedora exclusiva de eletricidade aos consumidores finais. O projeto de lei também criaria um monopólio (único comprador), tornando a CFE a única entidade capaz de comprar eletricidade no atacado. Os investidores privados proprietários de instalações de geração de energia seriam, assim, obrigados a vender eletricidade à CFE em condições a serem definidas pela CFE. Para mais informações sobre o conteúdo deste projeto de lei, clique aqui.
Recentemente, a Comissão Federal de Concorrência do México (Cofece) emitiu um parecer ao Congresso mexicano recomendando a não aprovação do projeto de lei devido a sérias preocupações em matéria de concorrência. A Cofece conclui que o projeto de lei:
- Eliminar a concorrência no setor elétrico, que tem permitido aos consumidores garantir tarifas de eletricidade a um custo mais baixo;
- Remover os mecanismos regulatórios que permitem o desempenho eficiente do setor;
- Result in an increase to electricity rates, harming industrial and small consumers1</sup>;
- Impactar as finanças públicas, aumentando o montante dos subsídios pagos pelo governo mexicano aos pequenos consumidores; e
- Desmantelar o quadro institucional que protege o interesse público, transferindo para a CFE certas tarefas regulatórias e de política pública, incluindo o controlo e o planeamento do sistema elétrico, bem como a determinação das tarifas.
A Cofece também levantou preocupações de que o projeto de lei afetará drasticamente o modelo de concorrência criado para os setores de geração e comercialização de energia sob a Reforma Energética de 2013, revertendo para um modelo verticalmente integrado operado por um monopólio estatal não regulamentado. Esse modelo foi abandonado em muitos países devido à sua ineficiência, incapacidade de atender à demanda, altos custos e impacto negativo nas finanças públicas.
A Cofece também afirmou em seu parecer que o projeto de lei prevê o cancelamento de todas as licenças de geração existentes e contratos de compra e venda de eletricidade com o setor privado, o que se traduziria em uma restrição do fornecimento, ociosidade de ativos e maiores desincentivos aos investimentos. Embora os proponentes do projeto de lei prevejam que as entidades privadas poderão gerar «até» 46% da energia necessária ao país, essa geração seria apenas para venda à CFE e sob os limites, termos e condições — ainda desconhecidos — determinados pela CFE, o que transforma a CFE num monopólio na compra de eletricidade no atacado.
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A Foley conta com um forte grupo interdisciplinar de especialistas com profundo conhecimento em questões de energia e concorrência no México e nos EUA, prontos para auxiliar os clientes em questões relacionadas à geração de energia e às preocupações levantadas pelas recentes reformas e políticas impulsionadas pelo governo mexicano. O escritório também possui uma equipe transfronteiriça exclusiva, especializada em defesa perante tribunais mexicanos e arbitragens de investimento do USMCA sobre reformas energéticas no México.
1 Pequenos consumidores definidos como aqueles cuja procura é inferior a 1 MW.