O que todas as empresas multinacionais devem saber sobre... As falhas mais comuns na gestão de riscos da cadeia de abastecimento (Parte I)
Os reguladores em todo o mundo estão a enviar uma mensagem consistente às empresas que operam ou se abastecem internacionalmente, que é a de que elas devem assumir a responsabilidade pelas suas cadeias de abastecimento. Além disso, as empresas multinacionais enfrentam uma pressão crescente por parte das partes interessadas, incluindo investidores, clientes e reguladores, para alinharem as suas operações com os princípios ambientais, sociais e de governança (ESG), especialmente nas áreas de trabalho forçado, tráfico de pessoas, escravidão moderna e regulamentações ambientais. Essas exigências de transparência e integridade da cadeia de abastecimento exigem que as empresas multinacionais desenvolvam estratégias robustas de conhecimento do fornecedor e de due diligence em toda a sua cadeia de abastecimento.
Consequentemente, as cadeias de abastecimento globais estão sob intenso escrutínio, com consumidores, reguladores e investidores a exigirem transparência, abastecimento ético e responsabilidade ambiental. No entanto, embora muitas empresas tenham tomado medidas para se alinharem com essas expectativas, as lacunas em termos de conformidade e supervisão continuam a ser generalizadas, especialmente em redes de abastecimento internacionais complexas. Essas lacunas expõem as empresas a perturbações operacionais, sanções regulamentares e danos à reputação.
Compreender onde as lacunas de conformidade ocorrem com frequência e como resolvê-las é essencial para as empresas que buscam manter cadeias de abastecimento resilientes e em conformidade, que atendam às expectativas regulatórias em constante evolução. Os principais erros na gestão da cadeia de abastecimento geralmente decorrem de desafios institucionais, baseados em recursos, regulatórios e executivos.
Para ajudar a evitar essas armadilhas comuns, esta série de duas partes fornece um resumo das questões mais comuns relacionadas à cadeia de suprimentos que observamos em empresas multinacionais e oferece soluções práticas para evitá-las. O artigo de hoje enfoca erros institucionais e regulatórios comuns; o nosso próximo artigo (a ser publicado em dezembro) enfocará erros comuns de execução.
Ao abordar essas questões recorrentes, as empresas podem construir cadeias de abastecimento que não apenas estejam em conformidade com as expectativas regulatórias em evolução, mas também sejam resilientes contra interrupções futuras. Desde melhorar a supervisão dos fornecedores até se adaptar às normas regulatórias em evolução, estar atento à presença desses erros comuns pode ajudar as empresas que operam e se abastecem de fontes estrangeiras a alcançar uma abordagem equilibrada, ética e sustentável para a gestão da cadeia de abastecimento global.
| Obstáculos institucionais | |
| Superando a inércia institucional | |
| Erro: Muitas empresas têm dificuldade em implementar medidas para conhecer os seus fornecedores devido à inércia institucional — a resistência à mudança nas práticas estabelecidas. Isso geralmente decorre de práticas desatualizadas, falta de prioridade dada às metas ESG e coordenação interdepartamental limitada. Para lidar com essa inércia, é necessária uma liderança forte que priorize o ESG em todos os níveis da organização, integrando-o à missão e à cultura da empresa. | Conclusão prática: Um consultor jurídico pode ajudar a mudar essa inércia, informando a alta administração sobre as possíveis implicações financeiras graves caso tais práticas não sejam implementadas. Um primeiro passo para essa informação poderia incluir uma auditoria alfandegária e da cadeia de abastecimento para identificar áreas de exposição. Se a sua empresa estiver interessada nisso, entre em contacto com os autores. |
| Distribuição inadequada do conhecimento | |
| Erro: Mesmo quando as metas são definidas, as organizações precisam tomar medidas para comunicá-las de forma eficaz em toda a organização. Todas as partes interessadas, incluindo funcionários, fornecedores e parceiros comerciais, devem compreender os princípios ESG e as expectativas da cadeia de abastecimento, incluindo como eles estão a evoluir rapidamente e a impor maiores requisitos de supervisão. | Conclusão prática: As empresas que adquirem regularmente produtos no exterior devem realizar sessões de formação, workshops e atualizações regulares para garantir que todos estejam alinhados e informados sobre as metas em evolução e as crescentes expectativas regulatórias, incluindo nas áreas de trabalho forçado e tráfico de pessoas, conformidade com a UFLPA e metas ambientais (que são cada vez mais visadas pelas regulamentações europeias). |
| Implementação inconsistente de objetivos entre afiliadas | |
| Erro: Para as empresas multinacionais, garantir a conformidade e a consistência em todas as filiais é uma tarefa difícil. As metas precisam ser implementadas de maneira uniforme, com supervisão centralizada para evitar desvios. É importante ter políticas claras e aplicáveis em todas as filiais, pois falhas de conformidade no exterior podem causar problemas no país de origem, especialmente quando se trata de importações sujeitas à fiscalização alfandegária. | Conclusão prática: Se a sua organização não realizou uma revisão de conformidade de importação nos últimos dois anos, considere realizar uma auditoria alfandegária e uma revisão da cadeia de abastecimento para garantir que a sua conformidade de importação atenda às expectativas atuais dos reguladores. |
| Implementação inconsistente de objetivos entre afiliadas | |
| Erro: Para as empresas multinacionais, garantir a conformidade e a consistência em todas as filiais é uma tarefa difícil. As metas precisam ser implementadas de maneira uniforme, com supervisão centralizada para evitar desvios. É importante ter políticas claras e aplicáveis em todas as filiais, pois falhas de conformidade no exterior podem causar problemas no país de origem, especialmente quando se trata de importações sujeitas à fiscalização alfandegária. | Conclusão prática: Se a sua organização não realizou uma revisão de conformidade de importação nos últimos dois anos, considere realizar uma auditoria alfandegária e uma revisão da cadeia de abastecimento para garantir que a sua conformidade de importação atenda às expectativas atuais dos reguladores. |
| Incapacidade de rastrear produtos | |
| Erro: O rastreamento de produtos é fundamental para verificar a integridade da cadeia de abastecimento, mas muitas empresas não possuem recursos de rastreamento suficientes. | Conclusão prática: Para melhorar a rastreabilidade, as empresas estão cada vez mais a implementar soluções de rastreamento digital, como tecnologias blockchain ou RFID, ou outras formas de rastreamento eletrónico, para permitir visibilidade de ponta a ponta em toda a cadeia de abastecimento. Cada vez mais, esses esforços são necessários devido à necessidade de rastrear os produtos até o último subfornecedor, uma vez que cada vez mais se espera conformidade para peças e componentes que podem ser fornecidos por empresas que não estão em contacto direto com o fabricante final. |
| Negligenciar os subfornecedores | |
| Erro: Um descuido comum é concentrar-se apenas nos fornecedores diretos, ignorando os riscos apresentados pelos subfornecedores. Os subfornecedores muitas vezes apresentam riscos iguais ou maiores, especialmente se operarem em regiões com menor supervisão regulatória. | Conclusão prática: Estabelecer um sistema abrangente que exija que os fornecedores diretos monitorem os seus fornecedores pode mitigar esse risco. Uma etapa da auditoria alfandegária descrita acima é analisar o mapeamento da cadeia de abastecimento existente para ajudar as empresas a identificar onde existem lacunas nos seus sistemas de rastreamento. |
| Ignorando a amplitude das regulamentações sobre trabalho forçado e tráfico de pessoas | |
| Erro: Novas regulamentações, como a Lei de Prevenção do Trabalho Forçado Uigur dos EUA (UFLPA), exigem que as empresas demonstrem que os seus produtos são livres de trabalho forçado. Muitas empresas não estão preparadas para cumprir essa norma, muitas vezes devido à insuficiente diligência na verificação dos seus fornecedores, à falta de documentação ou de conhecimento sobre as suas cadeias de abastecimento completas. | Conclusão prática: O mapeamento abrangente e a auditoria da cadeia de abastecimento podem ajudar as empresas a cumprir essas leis e a estar preparadas para possíveis detenções da UFLPA, evitando assim possíveis multas ou bloqueios de mercadorias na fronteira. |
Se tiver dúvidas ou preocupações sobre este artigo, não hesite em contactar qualquer um dos autores ou o seu advogado Foley & Lardner. Se desejar receber futuras actualizações sobre "O que todas as empresas multinacionais precisam de saber" sobre como operar no complicado mundo do comércio internacional de hoje, inscreva-se na nossa lista de correio eletrónico quinzenal. Clique aqui para se registar.
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